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Os descaminhos da melancolia IV

2010 d.C.

Quase sempre, quando me ponho a escrever os pitorescos textos (longe de serem pictóricos) intitulados "Os descaminhos da melancolia", eu estou em casa frente a um computador sério candidato à relíquia de museu tecno (nem vírus se interessa por ele, ainda bem) ou na cama. Tudo bem, eu sei que há exercícios mais aeróbicos e atraentes para se fazer numa cama, mas eu disse "quase sempre".


Uma das notícias que tomou conta da minha reflexão ultimamente foi a certeza dos cientistas de que há água congelada no planeta Marte. Ao que tudo indica, eles chegaram a essa conclusão por observação e comparação de imagens. Segundo a Astrologia que é considerada uma ciência, Marte rege os seres humanos nascidos sob o signo de Áries e o elemento é "fogo". Sobre isso ando tão bem informado quanto um Cavaleiro do Zodíaco. Ainda de acordo com a Astrologia, tudo que acontece em Marte afeta minha existência por eu ser um ariano. Sei. Deve ser o fato de sondas robôs passearem em solo marciano que têm afetado minha psique atualmente.


Para ser franco, eu não estou nem um pouco preocupado se há água ou mel em Marte, posto que nem os mistérios do planeta Terra foram desvendados por seus habitantes. Não consigo mentalizar a possibilidade de o homem transmigrar seu modelo predatório, discriminatório, irresponsável e homicida para o espaço sideral. Naturalmente, o “espírito explorador” jamais concordará com esse ponto de vista.


Retrocedendo um pouco, não creio que Vasco da Gama, Cristóvão Colombo e outros navegadores malucos tenham se lançado aos mares por generosidade, romantismo, solidariedade e consciência ecológica globalizada. Aquela afirmação de dar um grande salto para a humanidade. Temporariamente, Albert Einstein chegou a acreditar nessa benevolência das potências que sempre promoveram a guerra e o extermínio humano. Eu costumo acreditar mais em contos de fadas. Pelo menos eles oferecem finais felizes.


Uma vez que impedir o homem de prosseguir com seu desatino, diferente de destino, rumo à lua e outros planetas não depende nem da minha ou da sua consciência façamos um trato: eu permaneço nesse exílio terrestre enquanto vivo e se você sonha em ir para o espaço ou para o buraco negro, vá com Deus e aproveite horrores. Há empresários desembolsando milhões para darem uma voltinha na órbita terrestre.


Parece-me que quanto mais distante está uma pessoa da outra, mais necessidade ela tem de se comunicar. Para a turma que for para o espaço, enviem e-mails para mim clicando aqui. Divirtam-se e mandem notícias. Se você não se expressa em português, não há problema, tradutores online existem para isso.


Enquanto isso, no mundo real...



 

* Lecy Sousa , Pós Graduando em Letras, autor dos livros Primeirapessoaplural, Rascunhos, Teorias de Guardanapo, De magia e lentes multifocais e Fragmentos Humanos: Uma autoajuda para que você encontre o sentido da vida e morra em paz (livro sendo escrito em parceria com o professor Marlon Nunes).

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